Ciberdúvidas: Funções sintácticas

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Funções sintácticas

FUNÇÕES SINTÁCTICAS

1.SUJEITO

Simples: O computador é útil.
Composto: Ela e tu seguem no carro do tio.
trong>Nulo subentendido: [Eu] Adorei o filme.
Nulo indeterminado: Destruíram o pavilhão.
Nulo expletivo: Nevou bastante ontem.

2.COMPLEMENTO DIRECTO
O João comeu o bolo. (O João comeu-o).
A Margarida perdeu a mala que a mãe lhe deu. (A Margarida perdeu-a)

3.COMPLEMENTO INDIRECTO
Entregou a bola ao adversário. / Entregou-lhe a bola.

4.PREDICADO
Verbal: A torre caiu. / O avô comprou um carro. (verbo transitivo ou intransitivo)
Nominal: A rapariga era inteligente. (verbo copulativo + predicativo do sujeito)
Subentendido:[Está, Foi] Bem observado!

5.PREDICATIVO DO SUJEITO (verbos copulativos: ser, estar, parecer, ficar, permanecer)
A casa é / está muito velha. / A minha casa é aqui. / A Joana ficou na escola.

6.PREDICATIVO DO COMPLEMENTO DIRECTO( verbos transitivos como: achar,
considerar, julgar, tratar, eleger, nomear,...)
Nomearam-no delegado de turma. / Ele considera a Maria uma óptima
professora.

7.COMPLEMENTO AGENTE DA PASSIVA
A partida foi ganha pela nossa equipa.

8.VOCATIVO
Ó João, sai daí! / Miguel, dás-me a bola?

1 comentário:

Margarida disse...: olá professora. era só para tirar uma dúvida. na página 225 do manual estou a tentar resolver um exercício (Funcionamento da língua) no 1.2.1 é onde se encontra a minha dúvida, para indicar o valor contextual. muito obrigada pela sua atenção.
Cumprimentos
Margarida Ornelas 2ºAS-F; 24 de junho de 2009 às 07:25

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Padre António Vieira- Contextualização

Época de Padre António Vieira

António Vieira foi uma figura singular da sua época, pela sua formação escolástica, a sua fé romântica típica do sebastianismo e o seu pensamento filosófico. Manifestou a sua fidelidade ao absolutismo, o seu envolvimento com o problema da perseguição aos judeus e cristãos novos e lutou contra a escravidão tanto dos africanos, na Baía, como dos índios, no Maranhão. As suas posições estiveram na origem do seu problema pessoal com a Inquisição.

CONTEXTO ECONÓMICO:

António Vieira era ainda um noviço quando ocorreu a invasão da Bahia pelos holandeses em 1624.Em 1581 a Holanda proclamou a sua independência, libertando-se do domínio da Espanha. Como represália, Filipe II fechou todos os portos portugueses e espanhóis aos navios holandeses e essa medida extrema estabeleceu um grande e violento golpe na economia holandesa, que controlava o transporte e a distribuição do açúcar brasileiro na Europa. Era necessário ultrapassar este obstáculo e para isso os poderosos comerciantes holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais para conquistar os mercados produtores, na altura o Nordeste Brasileiro (Bahia e Pernambuco).Quando a armada da Companhia das Índias Ocidentais chegou, em Maio, a Salvador, a grande parte dos habitantes de Salvador dispersou-se pelas aldeias dos índios, na direcção dos padres jesuítas. O governador-geral Diogo de Mendonça Furtado foi preso e embarcado para a Holanda e assim D. Marcos Teixeira assumiu temporariamente o governo. Foi o quinto bispo do Brasil e adoptou a forma de guerrilha para combater o invasor.Essa táctica acabou por dar resultado. Os holandeses renderam-se e, quando pouco tempo depois chegou o reforço holandês, já não puderam fazer nada. Todas as propriedades holandesas (navios, ouro, etc.) foram confiscadas e receberam navios e mantimentos apenas suficientes para irem de volta para a Holanda.Entre 1646 e 1650 António Vieira esteve em missões diplomáticas na Holanda, França e Itália, com os mais variados ofícios. A mais relevante foi com certeza a do acordo entre Portugal e Holanda. A Holanda queria uma indemnização por ter perdido Pernambuco, que desejava reconquistar. Por isso mesmo, prepararam uma nova frota para ir ao Brasil, a qual, para satisfação de Portugal, ruiu no Atlântico devido a uma grande tempestade. A principal dificuldade das negociações era a fiança que os holandeses haviam de pedir pela mora, até se realizar o pagamento final cinco ou seis anos mais tarde.Esta é a oportunidade de António Vieira renovar o seu empenho em favor da gente hebraica. Já em 1643 tinha apresentado uma exposição de motivos ao Rei, na qual argumentava que o reino se encontrava num estado lamentável depois do domínio espanhol (que não defendera as colónias de Portugal, o que permitiu que a Holanda se apoderasse de boa parte delas) e afirmava que era um contra-senso a perseguição aos judeus. Referia que "Por estes reinos e províncias da Europa está espalhado grande número de mercadores portugueses, homens de grandíssimos cabedais, que trazem em suas mãos a maior parte do comércio e riquezas do mundo. Todos estão desejosos de poder tornar para o Reino...Se Vossa Majestade for servido de os favorecer e chamar, será Lisboa o maior império de riquezas..." Dizia também que todos os países viam a miséria de Portugal e que o desprezo era tanto que o Papa nem sequer recebeu o embaixador português. Então, a volta dos judeus, além de enriquecer Portugal, iria também debilitar o inimigo que tinham uma grande vantagem, porque na Espanha, os judeus portugueses estavam a cuidar da administração da fazenda real e emprestavam milhões ao monarca espanhol enquanto não chegavam as frotas com o ouro da América.

CONTEXTO POLÍTICO:
D. João IV reinou de 1640 a 1656. Nasceu em 1604, era duque de Bragança e subiu ao trono na revolução vitoriosa contra os espanhóis. Pertencia à casa de Avis que tinha reinado antes dos 60 anos de domínio espanhol, fundando assim a dinastia dos Bragança. O vice-rei do Brasil, teve de enviar o seu filho D. Fernando, à Metrópole, levando a adesão da Colónia a D. João IV. Para isso fá-lo acompanhar de dois jesuítas, o Padre Vieira e outro religioso também ilustre, o padre Simão de Vasconcelos. A luta dos portugueses contra o domínio espanhol foi apoiada com um civismo místico, com base em profecias de Bandarra que era um sapateiro inspirado, que desde 1540 advertira sobre os destinos de Portugal num livro de trovas. O livro de Bandarra era o livro de leitura e a bíblia do patriotismo, quer nos solares dos fidalgos, quer nas escolas onde as crianças aprendiam. Continha profecias de grandeza que se esperava ver concretizadas com a volta de D. Sebastião, que se supunha ainda estar vivo, pois ninguém o tinha visto morrer na batalha em África. Contudo, depois de torcidas, reinterpretadas e falseadas onde era necessário, aplicaram-se aos factos da Restauração. O Encoberto, o rei desconhecido de que falavam os vaticínios, podia muito bem ser D. João, o Duque de Bragança. Assim se preparou o ambiente em que brotou a revolução pela restauração da monarquia portuguesa. Restaurado o trono, ao Bandarra tributaram-se grandes honras. O próprio D. João IV aceitava a designação de "O Encoberto", como sagração de sua realeza pela intenção divina. A essa crença aderiu também António Vieira e o seu companheiro de viagem, o Padre João de Vasconcelos que compôs a "Restauração de Portugal", apologia mística do rei aclamado, coleccionando ali as profecias que fundamentavam o acto revolucionário. Na sua sequência, António Vieira também escreveu “Quinto Império do Mundo” e “História do Futuro”.Recebidos pelo Rei, no mesmo instante o Padre António Vieira conquistou a afeição do monarca que deverá ter percebido naquele mesmo momento o quanto Vieira lhe poderia ser útil, pois tinha conhecimento dos assuntos do Brasil e sabia muito da psicologia do inimigo holandês. António Vieira estava em Lisboa com 33 anos de idade e a sua fama no Brasil já tinha alcançado Portugal. Começava então a pregar na Igreja de S. Roque, com grande êxito, pois Lisboa em peso invadia a igreja para poder ouvi-lo. De tal forma era esta realidade, que foi convidado para pregar para o Rei. Sendo assim, Vieira pregou pela primeira vez na Capela Real em 1642. Ao ouvi-lo, o Rei tornou-se admirador da personalidade de Vieira. Isto fez com que se tornasse cada vez mais íntimo da família real, sendo prezado pela sua conversação inteligente e a sua clara compreensão dos negócios do Estado. Em pouco tempo a opinião de António Vieira era decisiva em importantes negócios de Estado.Era tão aflitiva a situação do reino que, nos sermões, alertava o povo sobre tudo que fosse o interesse da pátria, pois não havia meios de comunicação senão o que se noticiava de boca em boca.O Padre António Vieira acabava por fazer uso da sua influência perante os ouvintes e colocava-se inteiramente a serviço do rei e até a favor dos impostos, chamando os cidadãos à responsabilidade. Exortava ao patriotismo em simultâneo com a exortação moral. Nas suas prédicas, os negócios mais graves do Estado saiam a lume, e através de alegorias da Bíblia analisava os actos do governo e a conduta dos homens públicos.

CONTEXTO RELIGIOSO

Ao completar os 35 anos, Padre António Vieira ainda não era jesuíta professo, pois faltava-lhe fazer o quarto e último voto, o de obediência ao Papa, que, segundo consta, terá professado em 26 de Maio de 1644. Ao sentir o apoio fixo de D. João IV, tomou a iniciativa de resguardar os judeus contra a Inquisição que lhes confiscava os bens, antes mesmo de lhes encontrar alguma culpa.D. João IV não podia anular as penas impostas ao crime de heresia pelo direito canónico, nem interceder na jurisdição do Santo Ofício. Talvez por influência de António Vieira, assinou um alvará que resolvia a questão, ou seja, que permitia aos cristãos novos que não perdessem os seus bens quando fossem detidos pelo Tribunal por culpas inventadas por inimigos. Comprometia-se a devolver aos cristãos novos aquilo que lhes fosse confiscado, pois apesar de a condenação ser feita pela Igreja, os bens confiscados destinavam-se ao Estado, sendo deduzido pela Inquisição o necessário para sustento da sua máquina e liturgia. Como era de esperar, o Santo Ofício protestou contra tal abolição perante o Rei e recorreu ao Papa. Os inquisidores obtiveram do Papa um breve pontifício que restabelecia o confisco. Quando apresentaram o documento a D. João IV, este alegou que, como quem ia ficar com os bens penhorados era ele, o monarca, podia inteiramente, como possuidor, devolvê-los aos seus donos. E conseguiu manter a resolução desta forma. Simultaneamente, foi criada uma companhia portuguesa para exploração das colónias com liberdade para participar de capital judeu. Inscreveram-se os cristãos novos mais ricos. Duarte da Silva, que deu o crédito para os navios da Holanda, e que logo de seguida foi preso pela Inquisição, estava agora com os bens activos, por causa da nova lei e, reunindo com muitos outros, juntou-se um grande capital. A inquisição, como era de esperar, manifestou a sua revolta e indignação, e Vieira estava publicamente comprometido com o projecto. Este caso produziu um escândalo em todo país. Os amigos da Inquisição, que eram os inimigos dos cristãos novos, juntos aos inimigos de Vieira, que eram muitos, não paravam de publicar e demonstrar a sua indignação. António Vieira vivia assim um tempo de tribulações, onde uns o chamavam de traidor, porque sugeriu ao rei entregar Pernambuco aos holandeses em troca da paz, quando a questão dos fiadores parecera sem solução. Outros o infamavam de herético, por tentar restabelecer as sinagogas no reino. Era de esperar que a Holanda fosse um país amigo de Portugal, porque também tinha lutado contra a Espanha para firmar a sua soberania e valia a pena ter de novo a Holanda por aliada contra a Espanha, para garantir assim a paz e segurança de todo o império português que se desejava restaurar e fortalecer. Isto tinha um preço, que era deixar os Holandeses em paz em Pernambuco; para António Vieira, parecia um preço muito razoável. Quanto aos judeus, António Vieira continuava sem entender como Portugal podia agir daquela forma insensata, ao expulsar do seu território, exactamente aqueles que tinham desenvolvido o seu comércio e tinham feito de Lisboa o mais importante porto comercial do Atlântico. Os Inquisidores, no entanto, passaram a reunir as "denúncias" contra António Vieira, que consistiam no uso de livros proibidos trazidos do estrangeiro e nas propostas como a da conveniência de consentir em Lisboa, como se consentia em Roma, o funcionamento de sinagogas. Nada chegou a ser apurado que realmente fundamentasse um processo. Os seus adversários acusaram-no de costumes mundanos, alcançados nas missões diplomáticas, do vestuário secular que usou em lugar da batina, e de ter a seu serviço um criado que Vieira pagava para o ajudar na sua vida apertada. Acusações e queixas também se repetiram em Roma e foram tantas que o Geral acabou por determinar que Vieira fosse expulso da ordem. Contudo, o Geral acabou por voltar atrás, quando o Provincial em Portugal informou que o rei determinava que não se fizesse nada, pois ia afastar António Vieira da Corte e ia conceder-lhe uma diocese. Foi ainda mais surpreendente a resposta de António Vieira ao soberano, ao dizer que não trocaria a sua batina de missionário nem por todas as dioceses de Portugal. Apesar de estar bastante ocupado com os negócios em que era chamado a dar a sua opinião, António Vieira não abandonou o púlpito nem as suas obrigações religiosas. Continua assim com os companheiros jesuítas. A preparação dos seus sermões tão apreciados por todos, custava-lhe algum tempo e estudo. Entretanto, a pena pelas acusações de que era vítima acabou por ser suspensa e, por fim, anulada. Exausto de tantos esforços em maquinar meios de garantir a sobrevivência da monarquia portuguesa, decide que é o momento de voltar ao Brasil. Recebeu ainda a missão de acompanhar à Inglaterra o novo embaixador português, todavia recusou. Em Janeiro de 1653, desembarcou António Vieira em São Luís do Maranhão, como superior dos missionários jesuítas.

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